No dia 13 de maio de 1888 a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea, dando total liberdade aos escravos no país. Passados 112 anos da abolição da escravatura, José Galdino Clemente, diretor do Decadie (Departamento de Cultura Afro-descendente e da Integração Étnica), afirma que esta é uma data de reflexão sobre a situação social, econômica, política e cultural da população negra no Brasil, pois efetivamente pouca coisa mudou na superação das desigualdades étnicas e sociais.
Ainda hoje, a situação dos negros em muitas áreas está estagnada. A maioria da população afro-descendente está delegada a morar na periferia das grandes cidades, é autônoma ou está em subempregos. Já a violência é um dos problemas mais sérios para os negros. O Enjune (Encontro Nacional da Juventude Negra) e outros movimentos têm realizado um trabalho de combate à criminalidade, mas estatísticas oficiais do Inspir (Instituto Sindical Interamericano pela Igualdade Racial) e do Diese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-econômicos) apontam que entre cada cinco jovens que são assassinados no Brasil, três são negros ou afro-descendentes.
Outros estudos do Enjune e do Inspir apontam também que a mulher negra é alvo de três tipos de preconceito: por ser mulher, por ser negra, e por ser pobre. Embora a mulher negra seja a que mais conseguiu avançar na questão social, é ainda a mais explorada no mercado de trabalho: ela recebe metade do salário que uma mulher branca recebe. “Isso levando em consideração que no quadro geral, as mulheres já recebem cerda de 50% a menos do que os homens”, explica Galdino.
Evoluções
Apesar das constatações de que pouca coisa foi profundamente alterada, há avanços, como a criação da Sepir (Secretaria Especial de Políticas Públicas de Igualdade Racial), organismo de representação da igualdade racial, e outras instituições de defesa dos interesses da população negra nos municípios do país, além da aprovação do Estatuto da Igualdade Racial. A questão da educação também apresentou algumas melhorias após a criação do sistema de cotas e do ProUni, possibilitando que os jovens negros tenham maior acesso às universidades.
Em Limeira, o Decadie e o Comicin (Conselho Municipal dos Interesses do Cidadão Negro) trabalham juntos para atender as demandas da comunidade negra da cidade. Os dois órgãos somam forças na defesa da idéia de que o dia 13 de Maio é data para reflexão, levando em consideração que a abolição foi uma vitória conquistada através da rebelião dos negros e de abolicionistas brancos, transformando os escravos brasileiros na maior população negra fora da África.
“Estamos trabalhando fortemente no sentido de constituir espaços para a manifestação da cultura de todos os povos que formam a população da cidade. Desta forma, realizamos eventos que para promovam a união de todos pela integração étnica. O objetivo é a consolidação de uma nação que seja realmente livre de toda a forma de preconceito”, afirma Cleusa dos Santos, presidente do Comicin.
O Decadie e o Comicin funcionam no Palacete Levy – Largo da Boa Morte, 11, Centro. Mais informações podem ser obtidas no telefone (19) 3451.0502.
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